Cidades do Futuro

CIDADES DO FUTURO

Cidades são consideradas sistemas complexos caracterizados por muitos cidadãos interconectados, empresas, diferentes meios de transporte, redes de comunicação, serviços e utilidades. O crescimento populacional e o aumento da urbanização elevam uma variedade de problemas técnicos, sociais, econômicos e organizacionais que tendem a comprometer a sustentabilidade econômica e ambiental das cidades.

Nesse contexto, surgiram debates sobre o modo como as novas soluções baseadas em tecnologia, bem como novas abordagens para o planejamento e a vida urbana, podem assegurar a viabilidade e a prosperidade futuras em áreas metropolitanas. Expressões como “cidades criativas”, “cidades sustentáveis” e “cidades inteligentes” têm ganhado cada vez mais espaço nas agendas públicas e na literatura.

Tornar uma cidade inteligente está emergindo como uma estratégia para mitigar os problemas gerados pelo crescimento da população urbana e pela rápida urbanização, no entanto, pouca pesquisa acadêmica tem discutido com profundidade o fenômeno.

Uma Cidade Inteligente e Sustentável tem como sua principal característica a utilização de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) em todos os seus níveis, com o objetivo de alcançar uma maior eficiência e interconectividade em seus processos de planejamento, administração e execução da oferta de serviços e infraestrutura. Portanto, seu objetivo final é promover, com o uso da tecnologia, melhor uso dos recursos públicos, aumentando a qualidade dos serviços oferecidos aos cidadãos, enquanto reduz os custos operacionais da administração pública.

Este conceito está cada vez mais próximo de se tornar uma realidade, uma vez que, nos últimos anos, muitos dos projetos experimentais foram executados na prática, apresentando os benefícios explorados nas definições teóricas. Muitas das implementações abrangem aplicativos ou sistemas que automatizam serviços, enquanto outras consistem na aplicação de planos integrados de cidades inteiras.

A cidade inteligente e sustentável tem as pessoas como ponto central, cercadas por três grandes ambientes interligados, o social, o econômico e o físico. Estes ambientes são continuamente informados por tecnologias digitais, visando criar soluções interligadas de desenvolvimento econômico e de bem-estar social.

Nesse sentido, um exemplo de cidade inteligente é a Smart City Laguna que está localizada em São Gonçalo do Amarante no Ceará. Conforme Alves (2019), esta pode ser definida como a primeira cidade inteligente social do mundo, ocupando 330 hectares e possibilitando que 25 mil pessoas vivam nela.

Os habitantes da cidade poderão usufruir de um sistema de aproveitamento das águas pluviais, por meio de uma bacia de retenção, onde será mantido um manancial permanente. Também, a utilização desse mecanismo, contribui no auxílio da drenagem profunda das águas das chuvas, que são direcionadas à Lagoa.

Além disso a cidade ainda contará com serviços de mobilidade, coleta inteligente de resíduos, energia solar, monitoramento da qualidade do ar e da água, infraestrutura digital com Wi-fi grátis nas áreas institucionais da cidade, rede subterrânea inteligente de eletricidade, iluminação pública de LED, câmeras e sensores. Ressalta-se também, que o projeto foi elaborado contemplando ciclovias por toda cidade, passeios e vias com larguras que proporcionam plena fluidez, tanto dos veículos quanto das pessoas, além do planejamento de áreas verdes em locais definidos que evitam ilhas de calor.

Importante destacar que o uso de energias renováveis, como a energia solar, fornece uma fonte de energia limpa e de baixo custo de manutenção, não gerando poluentes ao meio ambiente e a vida útil do sistema pode variar em torno de 25 (vinte e cinco) anos, podendo gerar uma economia de até 95% (noventa e cinco por cento) na conta de energia elétrica e possibilitando a implementação de diversos sistemas que beneficiam a população.

O líder global em utilização de energia elétrica fotovoltaica é a Alemanha, pois teve um programa alemão de 1999, destinado a cobrir 100.000 (cem mil) telhados com células solares, onde foi considerado o primeiro do mundo a promover a tecnologia fotovoltaica em grande escala e previa empréstimos a juro zero, que iniciavam apenas a partir do terceiro ano de implementação do sistema. Em relação à energia fotovoltaica, a Alemanha tem aproximadamente metade da insolação solar disponível em outros lugares mais iluminados, como no Norte da África, o que afasta as desculpas, que pregam a inviabilidade desta matriz em locais com pouca insolação.

Outro país que também traz muitos exemplos inseridos no conceito de cidades inteligentes é a Suécia, apresentando maior destaque no sistema de descarte do lixo, o que já faz parte da política do país (FURLANETTO, 2017). O lixo está se transformando em uma possível chave para o desenvolvimento dos países, os quais têm focado na aplicação de novas tecnologias com o intuito de gerar energia a partir do descarte de materiais já utilizados. Ainda, segundo Furlanetto (2017), três toneladas de lixo contém a mesma energia que uma tonelada de petróleo. Sendo assim, ou o lixo é reciclado, ou é transformado em energia.

Como representante da Câmara de Vitória no Conselho Municipal de Políticas Urbanas (CMPU) e pós-graduado em Cidades Inteligentes e em Gestão de Cidades e Planejamento Urbano, pretendo discutir a melhoria do meio ambiente urbano e também uma aplicabilidade do conceito de cidades inteligentes em nosso município, para que este se torne referência estadual no seguimento. Tenho convicção que o uso da tecnologia pode tornar a cidade mais ecológica, segura e eficiente, promovendo a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos por meio das soluções tecnológicas e científicas.

 

Vereador Leonardo Monjardim (Patriota)

Data de Publicação: quarta-feira, 29 de março de 2023