A Comissão de Educação da Câmara de Vitória recebeu nesta sexta-feira (29/04) a Secretária de Educação de Vitória, Juliana Rohsner Vianna Toniati, para a prestação de contas do 3º quadrimestre de 2021 (setembro a dezembro) e do 1º quadrimestre (janeiro a abril) de 2022. A rede municipal conta com mais profissionais ativos, está ampliando o tempo do aluno na escola e aplicando R$ 53 milhões em obras.

A Secretária traçou o quadro pós pandemia que se refletiu na comunidade escolar e que, dentre outros aspectos, mostra um aumento de alunos da educação especial.

“Estamos no momento pós-pandêmico com muita coisa que ainda não se pode medir. Nesse processo a gente observou um aumento de violência e de ansiedade nas escolas, atrasos significativos na fala por causa do uso das máscaras. É uma série de coisas a serem analisadas, mas a gente já vê um crescimento do público da educação especial”.

“Então não dá para abrir escolas e achar que a gente voltou a 2019, 2018. Por mais planejamento, responsabilidade e investimento que se tenha, ainda existem lacunas. Mas hoje temos mais contratados ativos do que tínhamos no ano passado”, afirma.

Tempo integral – Para a Secretária a implementação do tempo integral é uma grande conquista. “Não é só uma jornada ampliada, mas toda uma proposta pedagógica de engajamento dos estudantes e protagonismo. Tivemos uma ampliação de 184% de aumento de vagas”, revelou.

A Rede de Ensino de Vitória entre setembro e dezembro de 2021 contava com 15.802 crianças matriculadas, 811 turmas, quatro unidades de tempo integral nos seus 49 Centros Municipais de Educação Infantil (Cmei). Entre janeiro a abril de 2022 eram 15.584 crianças matriculadas, 764 turma, cinco unidades de tempo integral e mais nove Cmei com turmas em tempo integral.

Já as 52 Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emef) contavam com 26.084 estudantes matriculados em 1.116 turmas e três unidades de tempo integral entre setembro e dezembro de 2021. Durante os meses de janeiro a abril de 2022 as Emefs tinham 26.037 estudantes matriculados em 1.096 turmas e cinco unidades de tempo integral.

Em relação à Educação de Jovens e Adultos (EJA), no terceiro quadrimestre de 2021 eram 2.129 estudantes matriculados nas 124 turmas. No primeiro quadrimestre desse ano eram 1.932 estudantes matriculados nas 102 turmas.

A Secretária Juliana afirmou que Vitória é o município que mais atende à demanda da educação infantil. E que o município alcançou, em 2022, a meta 10 do Plano Nacional de Educação: oferecer, no mínimo, 25% das matrículas na EJA de forma integrada à educação profissional.

Sobre os investimentos na educação, a Secretária destacou que as receitas dos meses de setembro a dezembro de 2021 foram: R$ 89.2 milhões do Fundeb e R$ 85.9 milhões de recursos próprios. Entre janeiro a abril de 2022 foram: R$ 77 milhões do Fundeb e R$ 87.1 milhões de recursos próprios, totalizando um aumento de 6,1% em relação ao 1º quadrimestre de 2021.

As principais despesas no terceiro quadrimestre de 2021 foram de R$ 119.6 milhões com pessoal e encargos; R$ 70.2 milhões, em capital/investimentos; R$ 27.1 milhões de custeio; R$ 11.9 milhões em repasses e alimentação escolar e R$ 5.59 milhões em obras e reformas.

De janeiro a abril de 2022 as despesas foram: R$ 89.9 milhões com pessoal e encargos; R$ 3 milhões em capital/investimentos; R$ 21.1 milhões em custeio; R$ 609 mil em repasses e alimentação escolar e R$ 2.7 milhões em obras e reformas.

Obras - No total são R$ 53 milhões em obras, reparos e manutenção das escolas que estão em execução. E em licitação estão: as novas sedes do Cmei Jacy Alves Fraga (Tabuazeiro), com investimento de R$ 11 milhões; a demolição da antiga sede para posterior construção da nova Emef Irmã Jacinta Soares de Souza Lima (Romão), no valor de R$ 14 milhões; a nova sede do Cmei Geisla da Cruz Militão (São José), com investimento previsto de R$ 14.4 milhões e a reforma e ampliação da Emef Adilson da Silva Castro (lha de Monte Belo), de R$ 2.8 milhões.

Juliana Rohsner reconheceu que a internet e a tecnologia nas escolas ainda é precária e que se vive uma crise de insumos tecnológicos no mercado. Mas ela afirma que a previsão é que novos computadores sejam entregues no segundo semestre e que todo o parque tecnológico seja renovado.

Dentre as aquisições previstas estão: 30 mil tablets com internet que os estudantes do 5° ao 9° ano e da EJA levarão para casa para fazer atividades no contraturno, três mil computadores tipo desktop para renovação das máquinas disponíveis nas unidades de ensino, cinco mil notebooks para uso dos professores e 54 plataformas TiX Letramento para a Educação Especial.

 O vereador Leandro Piquet comentou sobre o papel dos pais na educação. “É importante que os pais se envolvam. Esse deficit por causa da pandemia precisa que se tenha um envolvimento dos pais para ajudar aos alunos nessa reconstrução porque a escola sozinha não dá conta”, salientou.

 Ele reconheceu os avanços dessa gestão. “Acredito que a pasta da Educação é a que tem recebido mais investimentos. A quantidade de reformas, ampliação e investimentos é muito grande”, disse agradecendo ter sido atendido em relação à ampliação da oferta da merenda escolar.

“Temos uma evasão da rede privada e ampliação da rede pública, o que impacta. Mas também teve muita evasão de alunos que não retornaram. Será feita uma busca ativa para os alunos que não voltaram?”, perguntou. Ele também quis saber sobre a questão da higienização das salas do EJA.

O vereador André Brandino questionou a Secretária sobre a questão dos uniformes, o formato de aquisição e se foram entregues.

A vereadora Karla Coser citou a falta de diálogo e de acesso dos pais e dos profissionais de educação à Secretaria. A vereadora pediu uma melhoria de salários e afirmou que faltam profissionais de educação. Ela também citou alguns problemas como a escolha do cardápio das merendas. Ela pediu que as pessoas que moravam na escola Irmã Jacinta, que estava abandonada, não fossem responsabilizadas pela situação da escola.

A reforma da escola Irmã Jacinta também foi abordada pela vereadora Camila Valadão. “O atraso na reforma é da única responsabilidade dessa gestão que não recebe, nem dialoga com as famílias que estavam lá”, disse.

Ela discordou de diversos pontos da análise da Secretária sobre a educação em Vitória. “Estou acompanhando os processos de mudança para integral que tiveram a discordância do COMEV e de diversos setores da educação. Na mudança que ampliou o tempo do aluno na escola, houve troca de professores e rompimento de vínculos, escolas com dificuldade de organizar horários em virtude disso e um ambiente estressante. Os professores estão adoecendo, somando isso à desvalorização histórica”, disse.

Camila questionou, dentre outros itens, sobre como aplicar o novo componente curricular sem a formação adequada dos professores, sem planejamento suficiente e sem material didático, e como resolver a falta de professores para a carga horária quebrada.

Juliana Rohsner esclareceu que precisa haver um equilíbrio no diálogo e que ela participa de diversas reuniões. “O diálogo é um campo de tensionamento, mas é de onde saem as melhores ideias. Creio que esse ano está diferente, que criaremos canais de diálogo”, afirmou.

Sobre o parque tecnológico, as entregas serão feitas no segundo semestre e paralelo a isso estão trabalhando o cabeamento para ter a rede estruturada.

Sobre a migração de alunos da rede particular para a rede pública, a Secretária afirma ser real. “A escola deveria ser para todo mundo mesmo. Precisamos acolher esses estudantes e garantir o acesso a todos”. Ela afirmou que tem feito a busca ativa e que a evasão ficou em 1%.

Em relação à melhoria dos salários ela reconheceu que é urgente e que está fechando o quadrimestre para se ter uma ideia das receitas do município e tomar as devidas providências.

Sobre a higienização das salas do EJA, Juliana Roshner disse que “deve ser uma situação pontual e que será feito um ajuste”. Em relação ao uniforme, a Secretária disse que o processo de licitação desclassificou quatro empresas por falta de qualidade e que quando chegou a leva de uniformes, alguns lotes não eram de qualidade.

“São 90 mil camisas, não tem como guardar. Fizemos um pedido para que o uniforme fosse recolhido e a empresa mandou novo lote”. Ela reconhece que em algumas escolas o uniforme não foi recolhido e que era para ser devolvido para que fosse providenciado outro.

A secretária reconheceu que teve pressa.“Temos que saber qual nossa responsabilidade em cada lugar. Trocamos a roda com o carro em movimento, mas trocamos com uma boa intenção e com um método que era possível naquele momento. Tem muita coisa misturada, político-partidária, e temos que diferenciar o que é fumaça do que é fogo”, disse.

“Estamos vivendo uma situação que nunca tivemos, de pós-guerra. Temos que dar as mãos para passar por isso juntos. Estamos buscando estratégicas para chegar mais perto dos professores também”, afirmou.

A mesa foi composta pelos vereadores: Leandro Piquet (Republicanos), André Brandino (PSC); pela Secretária de Educação Juliana Rohsner Toniati e pelo subsecretário de Relações Institucionais, Kauê Oliveira. As vereadoras Camila Valadão (PSOL) e Karla Coser (PT) e Maurício Leite (Cidadania) também estiveram presentes.

 

Texto: Fátima Pittella

Imagem: Teo Gelson Santos

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