Uma maior participação feminina nos espaços de poder, a segurança para expor e defender ideias, o direito de ser ouvida e a aplicação de políticas públicas que amenizem as desigualdades sociais foram temas abordados na Comissão de Defesa e Promoção dos Direitos das Mulheres da Câmara de Vitória nesta terça-feira (14/03).
Foram convidadas para participar do debate a representante do Coletivo Beco, Roseane da Conceição de Oliveira, da OAB/ES, Cláudia Lima, e da Central Única dos Trabalhadores/ES, Clemilde Cortes. Os presentes lembraram que nesta data, completa-se cinco anos do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e de seu motorista, Anderson Gomes, por motivos políticos.
“Hoje é um dia muito importante de luta para as mulheres que são corpos políticos no nosso país”, abriu a reunião a vereadora Karla Coser. “Hoje se completam cinco anos sem resposta de quem assassinou Marielle e Anderson. A luta dela já influenciava a diversas mulheres a ocupar a política. E após seu assassinato a presença de mulheres na politica aumentou. As pessoas chamam isso de ‘sementes de Marielle”.
“Queremos que a partir de 2025 eu não esteja aqui sozinha. Que tenhamos mais mulheres representadas. A gente resiste, mas não queremos ser mártires. Quero que mais mulheres tenham a garantia de fazer política sem medo”, defendeu Karla.
André Moreira saudou as mulheres e lembrou que está na cadeira de vereador por causa da Camila Valadão, que lutou pelo espaço durante dois anos. “Queremos criar um constrangimento de verdade à cultura machista e patriarcal”, disse.
Roseane da Conceição de Oliveira, do Coletivo Beco, relatou um pouco sobre o Projeto “Incidência Feminina”, que busca a valorização, emancipação e conhecimento político e social das mulheres. “Esse projeto tem caráter suprapartidário para a ocupação de espaços de poder na luta contra o machismo, misoginia, racismo e outras formas de preconceito. Acreditamos que todos os lugares de decisão, nossas mulheres precisam estar”, disse. “O dever não é só feminino, é de todo mundo. A coordenação de políticas de mulheres precisa estar junto com essa Casa para promover políticas públicas eficientes de mudança de vida”.
Fazer reuniões para promover ações conjuntas na comunidade é o objetivo da atual gestão, segundo Cláudia Lima, representante da OAB. “Queremos que a Ordem saia de dentro da Ordem. Vemos que as mulheres representadas, não têm o respeito que merecem”, afirmou.
A vereadora Karla Coser lembrou que a OAB está presente desde o primeiro caso de violência de gênero na Casa. “Espero que não aconteça mais nenhum caso aqui”.
Clemilde Cortes, presidente da Central Única de Trabalhadores/ES, que parabenizou a comissão pelo exemplo de debate e pediu que a Casa respeitasse o movimento sindical. Ela falou da precariedade de moradia e transporte presente em diversas periferias, cuja população é feita de negros e negras. Ela convidou todas as organizações para participar da Rede Capixaba Mulher e Trabalho, de geração de renda.
Ana Clara de Oliveira falou da importância de se ocupar esses lugares de poder. “Nossas mulheres constroem essa sociedade. É importante. Não importa o que aconteça, nós mulheres estaremos presentes”, destacou.
Crislayne Zeferina, representante do Coletivo Beco e do Coletivo Conectando Mulheres falou do desafio que é construir um lugar de poder. “A Constituição Federal traz uma igualdade a todos, mas quando vemos o número de feminicídios, sabemos para onde deve ir o recurso das políticas públicas”, alertou.
Karla Coser se colocou à disposição dos movimentos femininos para ajudá-los. Ela relacionou as diversas conquistas da atual gestão federal como: programas de empreendedoras, de dignidade menstrual, programas de geração de trabalho e renda para mulheres em vulnerabilidade social, reforço das estruturas das delegacias das mulheres etc.
Estiveram presentes os vereadores: Karla Coser, André Moreira, Maurício Leite e Anderson Goggi.
Texto: Fátima Pittella
Imagem: Vitor Junquilho
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