A Comissão de Meio Ambiente da Câmara de Vitória, presidida pelo vereador Luiz Paulo Amorim (PV), reunida nesta quarta-feira (03/10), recebeu a Dr.ª Graça Lobino para uma apresentação sobre "Educação Ambiental fomentando a reflexão e aquisição de novos hábitos bem como a influência de políticas públicas". A convidada é doutora em Ciência da Educação e mestre em Educação com foco na formação ambiental. Também é autora do livro "A Praxis Ambiental Educativa – Diálogo Entre Diferentes Saberes".

Graça Lobino, que é professora do Ifes no Centro de Referência de Formação EAD, iniciou sua palestra ressaltando a necessidade de uma abordagem conjunta entre a área da Educação e de Meio Ambiente para dar conta da complexidade temática que o tema envolve. "O Meio Ambiente, de modo geral, é sempre abordado sob o olhar da ecologia, um ramo da Biologia, e essa abordagem não dá conta das matrizes ambiental e econômica que envolvem o tema, nem de toda sua complexidade", avaliou.

A professora destacou que uma pesquisa recente do Inep/MEC constatou que 94% das escolas brasileiras possuem disciplina de Educação Ambiental, mas com o foco da Biologia e de forma paralela ao eixo estrutural curricular. "Houve avanços nos níveis federal, estadual e municipal, mas é preciso fortalecer a importância de avançar nos projetos político-pedagógicos que efetivem a abordagem conjunta do Meio Ambiente com a Educação. "Essa concepção foi fortalecida graças ao brilhante geógrafo brasileiro, Milton Santos, mundialmente conhecido por seu trabalho na Sorbonne (França), cujas pesquisas ampliam o conceito de espaço", disse ela.

A professora afirmou que o município de Vitória tem uma concepção avançada dessa abordagem da causa ambiental, reconhecido pelos Ministérios de Educação e Meio Ambiente, graças à criação do Coletivo Educador Ambiental, que inovou e incluiu a participação do Centro Popular de Vitória (CPV), pois ele abrange todas as áreas do Poder Público com poder de voz e voto. Ela também relatou o trabalho realizado na Capital, em oito estações temáticas, com oficinas feitas no Planetário da Ufes, no Tancredão, no Parque Estadual da Fonte Grande, na Escola de Biologia da História, na Praia de Camburi e na Praça da Ciência.

"A sustentabilidade socioambiental requer uma nova forma de encarar o conhecimento", destacou Graça Lobino, citando também o Termo de Ajuste e Conduta (TAC), criado há quatro anos, em que os municípios da Grande Vitória elaboraram suas políticas de inovação e envolvimento neste movimento. Questionada sobre a questao do lixo, um dos itens mais citados na discussão ambiental, a professora disse que o debate sobre o tema normalmente é feito de forma equivocada. Para a palestrante, a questão do lixo é muito complexa, envolve a discussão do consumo, o modelo de desenvolvimento da sociedade, de produção e de descarte. Ela recomendou aos interessados a leitura do texto "O Cinismo da Reciclagem", de Philippe Layrargues, que considera de suma importância, e que está disponível na internet.

O vereador Fábio Lupe (PROS), membro da Comissão, sugeriu ao presidente Luiz Paulo Amorim que fosse feito um pedido de informação à Prefeitura sobre os avanços do TAC, citado pela professora, nos últimos quatro anos. E, encerrando a reunião, Amorim convidou a todos para participarem da Audiência Pública que realizará, em conjunto com o vereador Roberto Martins (PTB), presidente da Comissão de Educação da CMV, no próximo dia 16/10, para ampliar a discussão do tema.

Também estiveram presentes os vereadores Sandro Parrini (PDT), Roberto Martins (PTB), Aloísio Varejão (PSDB) e Cleber Felix (PROG). A próxima reunião da Comissão de Meio Ambiente ocorrerá no dia 21/11, às 15 horas, no Plenário Maria Ortiz.

   Texto: Mágda Carvalho

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