A Comissão Especial de Desburocratização e Empreendedorismo (Cede/CMV), presidida pelo vereador Mazinho dos Anjos (PSD), recebeu nesta segunda-feira (19/11), quatro profissionais para prestar esclarecimentos sobre a Plataforma BIM (Building Information Modeling), a modelagem de informação na construção, que é uma inovação tecnológica nas áreas de Engenharia e Arquitetura. Foram convidados: a arquiteta, mestra em Engenharia Civil, coordenadora e professora de MBA em Gerenciamento da Construção Civil Com Enfoque na Plataforma BIM, Marianne Corte Cavalcante Faroni; a coordenadora do Laboratório de Engenharia Simultânea e Bilding Information Modeling (LabesBIM/Ufes) Luciana Aparecida Netto de Jesus; e os representantes da empresa Nós Arquitetos e Engenheiros Associados e representantes do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-ES) e da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc-ES), Floris Uyttenhove e Pedro Henrique Negreiros. A reunião contou com a participação dos vereadores Davi Esmael (PSB), Sandro Parrini (PDT), e Dalto Neves (PDT).
O BIM é um modelo virtual, formado por um conjunto de softwares, e que não é constituído apenas de geometria e texturas para efeito de visualização. Trata-se de uma construção virtual equivalente a uma edificação real, possuindo muitos detalhes no tocante a composição de todo o processo de construção. Isso permite simular a edificação com riqueza de informações e entender seu comportamento antes de sua construção real ter sido iniciada, e também durante a obra e no pós-obra. A primeira a explicar a nova plataforma foi a professora e arquiteta Marianne Corte Cavalcante Faroni, que deu as noções básicas sobre o que é o BIM e as vantagens que ele oferece, em especial para obras públicas. "É uma plataforma que pode diminuir todos esses problemas que a gente enfrenta hoje, como por exemplo, problemas com aditivos, obras paralisadas, trabalhos atrasados. Além disso o BIM concentra as informações e dados importantes e atualizados sobre o patrimônio público de Vitória", exemplificou Marianne. “Então o BIM seria uma forma de desburocratizar e auxiliar a resolver esses problemas”.
Além disso, o BIM já é obrigatório em vários países, como a Inglaterra, o Chile, a Suécia, a Noruega e a Dinamarca, e a tendência é que seu uso se amplie cada vez mais. No Brasil, já existe um Decreto que criou uma comissão para estabelecer como o BIM vai ser implementado no Brasil. “Com isso serão criados novos postos de trabalho com novas funções. E, além do setor público, o setor privado já está utilizando o BIM. Outra razão para aderir à nova tecnologia é que ela fortalece a questão da sustentabilidade, com maior desempenho ambiental e que pode propiciar para todos os que a estão utilizando, um empreendimento com maiores informações durante todo o seu ciclo de vida”, explicou.
A especialista informou ainda que o BIM não é só um modelo virtual em 3D com a modelagem e imagens bonitas para mostrar ao cliente. "É muito mais que isso. Tem a dimensão 4D, que é toda a parte de planejamento de obras. A dimensão 5D com os quantitativos para gerar custos e orçamentos em relação ao empreendimento. A dimensão 6D, que é de uso, operação e manutenção e a dimensão 7D, que é a de análises de sustentabilidade e análises ambientais. E podemos descobrir muitas outras dimensões", destacou. Ela acrescentou também que, dessa forma, o BIM concentra informações que permitem mais rapidez, maior detalhamento, melhores análises de viabilidade, com um processo de informação mais eficiente entre todos os profissionais envolvidos e o próprio cliente, pois trabalha com um modelo compartilhado ou federado, que pode ser colaborativo", avaliou.
A segunda palestrante foi a coordenadora do Laboratório de Engenharia Simultânea e Bilding Information Modeling (LabesBIM) Luciana Aparecida Netto de Jesus, que abordou o tema pelo ângulo da formação de mão-de-obra com formação em BIM, que ainda é escassa no país. O LabesBIM foi criado em 2015, na Ufes, e atende alunos de graduação, iniciação científica e mestrado, para que todos os alunos tenham acesso a softwares BIM. “Nosso objetivo é capacitar os nossos alunos da Engenharia Civil para que possam ir para o mercado já capacitados em BIM, que é a tendência atual. E desde o enfoque 3D até o 7D. Isso já começa no terceiro período”, afirmou a coordenadora. “Para conseguirmos alcançar esse objetivo nós estamos trabalhando na atualização do Projeto Pedagógico do Curso para o próximo ano, incluindo disciplinas com caráter interdisciplinar, trabalhando com softwares BIM, para que o aluno possa desenvolver todas as especialidades dentro dessa plataforma de softwares”, destacou.
Na sequência, em nome do CREA-ES, o Engenheiro Civil Floris Uyttenhove agradeceu o convite, elogiou o debate sobre o tema BIM, e explicou que ele e outros profissionais de Engenharia e Arquitetura criaram a empresa Nós Arquitetos e Engenheiros Associados, com o objetivo de atuar no mercado usando a plataforma BIM e convidou o colega Pedro Henrique Negreiros para detalhar o trabalho que realizam e apresentar dois cases em que a nova plataforma foi usada com sucesso. “O BIM não é uma solução para todos os problemas, mas é uma ferramenta muito útil que a gente tem usado para ter um ganho de desempenho e outros benefícios”, ressaltou.
O Engenheiro Pedro Henrique Negreiros disse que a primeira vez que ouviu falar em BIM ficou impressionado e se perguntou quando esta tecnologia chegaria ao mercado local. “E hoje posso dizer que nós estamos com um nível bom, comparando com São Paulo e outros Estados. Nossa empresa foi formada por um grupo de engenheiros e arquitetos que se uniu oferecendo uma gama de projetos e gerenciamentos integrados em BIM. Com os softwares BIM temos a vantagem, além da integração física, da integração do software, do mesmo arquivo, o que traz muitos benefícios. Porque quanto antes você age na alteração de um projeto, mais você economiza esforço e custo. Muitas alterações acontecem na etapa da construção, o que atrasa e encarece a obra e o BIM ajuda bastante a evitar isso. A economia com o BIM é de 10% em média, chegando a 20% no caso dos insumos”, afirmou.
Segundo Pedro Negreiros, o BIM, que já é obrigatório para obras públicas no Reino Unido, oferece muito mais transparência também. “Você passa a construir virtualmente com mais exatidão, economia, e com estimativas mais assertivas para o seu orçamento e o seu quantitativo, porque até então não existia uma ferramenta para garantir maior confiabilidade nos dados”, disse ele. Para exemplificar ele citou os cases do Facilitá Camburi, em Vitória, e o do Ed. Santa Maria, em Brasília. “No primeiro case, a empresa fez o executivo das estruturas e a modelagem de um projeto já existente. Teve todo um processo e identificamos numa área construída 2.800 conflitos espaciais. Nem todos tão simples de resolver. Lembrando que consertar no computador é mais fácil e barato do que na construção”, observou ele, entre outros benefícios do uso dos softwares.
O segundo case, de Brasília, foi mais simples, porque já foi projetado em BIM, permitindo que, à medida que fossem identificados conflitos espaciais, eles fossem corrigidos em tempo real. “Você não está desenhando mais, você está construindo virtualmente, facilitando a visualização. Com os desenhos normais e em 3D, mas também com o QR Code e a visão 360º, permitindo uma visualização muito mais fácil e realista, e evitando erros de construção. Fica mais barato, mais rápido e evita retrabalho. Imagine isso para a realidade de obras públicas, escolas, hospitais”, acrescentou. “O BIM vai permitir melhorar muita coisa, por exemplo, na licitação das obras públicas”, pontuou.
Na sequência foi realizado um debate sobre os aspectos técnicos que envolvem o BIM e sua aplicação na vida pública. “Eu gostaria de acrescentar que o BIM é uma ferramenta muito boa mas ele não tira a responsabilidade técnica dos projetistas e de quem está executando. Não adianta você ter um software muito bom, mas nas mãos de quem não sabe usá-lo. A vantagem do BIM é que a gente tem essa visualização espacial, que é muito melhor”, finalizou Floris Uyttenhove. Após o debate, no encerramento da reunião, o vereador Mazinho dos Anjos anunciou a realização de uma reunião extraordinária nesta sexta-feira (23/11) para debater a questão dos quiosques da Curva da Jurema.
Texto: Mágda Carvalho
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