Uma dica simples para os governantes brasileiros que não conseguem entender a pauta: olhem no espelho e se avaliem. Se o vosso patrão (o povo) estiver contente com seus serviços, concordo, não há pauta e não há motivos para ir às ruas. Agora, se faltam hospitais, se faltam ônibus, se faltam escolas, se falta segurança, há pauta, uma pauta é clara e básica, pois exige o simples, o mínimo. Sei que há muitas outras reivindicações, carregadas sobre os ombros de mochilas, que são ainda mais profundas do que o serviço público, porém não são mais básicas que ele.
 

Ouvi de várias pessoas, autoridades políticas, que as atuais manifestações precisam de uma pauta mais clara; muitos dizem estar esperando uma definição mais objetiva de reivindicações dessa massa que deposita nas ruas a sua esperança. Porém, a pauta é lógica, legítima, clara, exata e, sobretudo, básica. Aquele que finge não entender é porque ela o incomoda, fortalece sua ineficácia ou necessita de tempo para agir. As ruas estão nos dizendo, entre outras coisas, que querem serviço público “padrão FIFA”, de qualidade. As ruas nos dizem que o povo não quer mais uma consulta marcada para meses, não quer mais ficar espremido em ônibus após pegá-lo depois de muita espera, não quer mais ficar em fila nas escolas, tendo que contar com a sorte de um sorteio para matricular seu filho, não quer mais ficar à mercê da criminalidade, não quer mais não ver o retorno de seus impostos, não quer mais ver uma obra atrasar tanto tempo, muito menos saber que seu valor foi superfaturado. Quer que seus representantes políticos trabalhem com responsabilidade.
 

Entretanto, não é dever somente do eleitor, nesta democracia representativa, criar ou aperfeiçoar os mecanismos e instituições para dar qualidade ao serviço público. Ele deve participar. Porém, os responsáveis por isso são os eleitos, principalmente, pois para isso é que são escolhidos e pagos, bem pagos. Não se pode exigir do povo e responsabilizá-lo ou esperar dele a elaboração do antídoto que tornará os serviços públicos mais eficazes. Devem-se responsabilizar as promessas de campanha não cumpridas, por exemplo, as autoridades que estão com o volante nas mãos e insistem em dirigir para o caminho que estas ruas dizem não querer.
 

Dizer que a pauta não é clara é um ato de covardia mergulhada num grosso caldo de incompetência, temperado com muita indiferença. A categoria política precisa ouvir, entender rápido, legislar ou executar, urgentemente, ações que atendam à voz da população. O povo quer voltar a ser representado.
 

Vinicius Simões

Vereador de Vitória (PPS)

Professor de História

Data de Publicação: segunda-feira, 22 de julho de 2013