Concentração em Jardim América, 6h30 da manhã, pouco antes de subir a Segunda Ponte vimos o quanto nossa sociedade precisa evoluir na questão do transporte. Milhares de carros, ocupados por uma ou duas pessoas, disputando espaços, cada centímetro, sedentos pelo desejo de chegarem ao seu destino.

 

Vimos uma multidão de automóveis e a exclusão de pessoas, de pedestres, de ciclistas. Vimos ali a conquista das marcas, das empresas internacionais, dos metais, da borracha, da madeira, da fumaça, da poluição. Vimos o estresse, o nervosismo, a impaciência, naturalmente provocada por este corredor selvagem e desumano. Vimos a máquina, não vimos o homem.  

 

Vimos o homem dirigindo a máquina que o dirige. Vimos tudo isso na companhia do sol, que acabara de chegar e que assistia desolado e quase acostumado com a diária e evolutiva cena. Vimos, então, que a sociedade e seus governos não planejaram o futuro e que pouco estão fazendo para mudar este caminho.

 

Mas vimos também uma luz, vimos outros homens, homens montados em pequenas máquinas formadas por pouca natureza e de mãos dadas com ela. Vimos homens livres daquele terror maquinário, cheios de amor, com seus pés decididos em guerrear contra toda aquela engrenagem insuportável, sedutora e opressora.

 

Vimos homens, bem cedo, em companhia do sol, acreditando que podem mudar a história, que podem derrubar o gigante imperialista causador de acidentes e mortes. Vimos uma esperança para salvar uma sociedade enganada e doente.

 

De fato, o que havia ali era uma guerra entre o império, o capitalismo, o consumismo contra a bicicleta e a natureza. Guerra que já vimos ocorrer em outros povos e assistimos a vitória da bicicleta. E nestes lugares, onde as duas rodas venceram as quatro, as ruas passaram a existir também para o ser humano, tornando-o mais livre e gerenciador da sua história.

 

Vinicius Simões (PPS)

Data de Publicação: segunda-feira, 04 de novembro de 2013