Embora o racismo ainda não seja um assunto discutido abertamente na sociedade, percebe-se que o preconceito sobre os negros e os seus descendentes encontra-se na história recente do Brasil, principalmente nos três séculos de escravidão, e pelas escassas políticas públicas de inserção desses sujeitos na sociedade, especialmente após a Abolição da Escravatura em 13 de maio de 1888. Desde o século XVI, quando os negros oriundos das várias partes da África começaram a desembarcar no Brasil de forma forçada para trabalhar nas lavouras de cana-de-açúcar e nas minas de ouro, começou um longo período de usurpação da sua liberdade, gerando graves consequências para o seu status social. Vale destacar que alguns negros e mestiços trabalhavam nos centros urbanos, conhecidos como escravos de ganho, e nas ruas desempenhavam diferentes funções, tais como carregadores de água, sangradores, barbeiros e vendedores de doces, frutas e outros quitutes. Apesar desses escravos não estarem nas fazendas ou nas minas e desempenharem outras atividades, eles não estavam isentos do estigma de serem escravos e dificilmente conseguiam ascender socialmente e atingir status sociais dos homens e mulheres brancos.
O racismo é um dos fatores que gera agressões aos negros e seus descendentes. Essa violência pode ser uma abordagem truculenta da polícia ou mesmo o assassinato de um jovem inocente, principalmente pela sua origem social e cor. Corroborando com essa situação, um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apresentou dados críticos sobre a situação dos negros na sociedade brasileira. Segundo os números levantados, as chances de um negro ser assassinado no Brasil é muito maior do que as de uma pessoa que não é negra: "A maioria dos homicídios que ocorrem no Brasil atinge pessoas jovens: do total de vítimas em 2010, cerca de 50% tinham entre 15 e 29 anos. Desses, 75% são negros”. Outro estudo, "Vidas Perdidas e Racismo no Brasil", apontou que, além da situação socioeconômica e do acesso desigual às políticas públicas, também o racismo da sociedade brasileira tem influência direta nos elevados índices de mortes violentas de negros. Outra pesquisa, realizada em 2013, destacou:
O negro é duplamente discriminado no Brasil, por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele. "Tais discriminações combinadas podem explicar a maior prevalência de homicídios de negros vis-à-vis o resto da população" .
O ex-relator da Organização das Nações Unidas (ONU), Doudou Diène (2002-2008), ao ser questionado sobre o racismo no Brasil, fez a seguinte afirmação:
O racismo é uma construção que tem uma extensão intelectual muito intensa, que impregnou a mentalidade das pessoas. Portanto, tiro duas conclusões preliminares sobre a pergunta. Uma é que o racismo certamente existe no Brasil e a outra é que ele tem uma dimensão histórica considerável.
A ideologia da inferioridade dos negros, que foi forjada durante séculos pelos europeus e as elites brasileiras através das teorias de cunho teológico e/ou "científico", levou-o a viver sempre a mercê da sociedade, porém eles foram criando estratégias para exercer plenamente a sua cidadania.
Esse processo forjou uma imagem negativa do negro, fazendo do mesmo um "marginalizado" diante da sociedade brasileira, muitas vezes não tendo chances de progredir economicamente e socialmente.
Nas últimas décadas, observa-se que os negros estão buscando se inserir mais na sociedade brasileira exigindo os seus direitos e, especialmente, participar na transformação da sociedade, seja culturalmente, politicamente e socialmente.
O combate ao racismo ainda é um desafio para o estado e as entidades não governamentais. O Brasil ainda possui uma cultura muito forte de estereótipos e, o que vemos na atualidade, sendo noticiado pela imprensa no país, é o impacto negativo da escravidão e da colonização que resultou em diversas consequências para a população afro-brasileira. É importante dizer, também, que outras pesquisas devem ser realizadas a fim de que a reflexão sobre esse problema social favoreça a superação do preconceito nas relações humanas. No Brasil, pretende-se eliminar o preconceito e o racismo através de criação de leis, porém, é importante dizer também que é necessária, além da conscientização, a educação, que é o principal instrumento que poderá trazer esclarecimento a todos.
Wanderson Marinho
Data de Publicação: segunda-feira, 29 de maio de 2017
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