Números preocupantes
É notório que a minha escola é empirista. Nascida e criada no morro, em meio ao povo é com ele que me identifico e por quem trabalho. Não é necessário muito empenho para perceber que a situação da população mais carente continua precária. Falta moradia, saneamento e principalmente saúde e segurança. A inflação é sentida no dia-a-dia, nas feiras e nos supermercados. A violência está por todas as partes.
No entanto, sempre que há pronunciamento de governantes do executivo, em todas as esferas: federal, estadual e municipal, prevalece um discurso progressista de que o país vai muito bem e obrigado, afinal agora somos “Investment grade”. Sempre acompanhado de números, em teoria, precisos e conclusivos.
Sabemos, pois, que essa matemática não é tão exata assim e que o Brasil e, em particular o nosso Estado, estão perdendo a “tsunami” que impulsionou países como China, Índia e até Rússia. Contrastando a situação da população com a qual convivo com esses discursos, arrisco-me a entrar no campo dos teóricos e fazer um breve exercício de numerologia.
Crescemos economicamente em patamares ínfimos. O Brasil ocupa, no que diz respeito à taxa de crescimento econômico, a 20ª colocação entre os países emergentes. Hoje, a arrecadação é a maior da história, oportunidade para aumentar o “superávit” primário, certo? Errado, oportunidade eleitoreira para gastar mais. Conseqüência: gasto recorde. O Estado gasta sem ressalvas. E ainda se discute o retorna da CPMF e com alíquota maior, 0,08%. Sete em cada dez empresas criadas fecham as portas em menos de um ano. A informalidade é a maior da história, beirando os 30% da população economicamente ativa. Menos de 10% da população concentra 90% da riqueza.
Para piorar a corrupção é mais viva e organizada que nunca. Distribuição de renda, reformas políticas e tributarias são assuntos sempre em voga, mas não passam disso. Ainda mais em ano de eleições. As ONG´s que surgiram como uma alternativa, agora apresenta ligações preocupantes com governos. Nossa floresta amazônica, fonte de recursos incalculáveis, já começa a ter um ar de nostalgia. Tempo bom que não volta.
No nosso município vemos o “boom” imobiliário, os preços estão realmente explodindo. A oferta cresceu é verdade, mas graças às extensões dos prazos a juros ainda exorbitantes, diga-se de passagem. A Petrobras está chegando, incrementando nossa economia local. Mas para quem? Quem recebe realmente os dividendos dessa exploração? Todos ou uns poucos? Vitória é a penúltima capital em recursos do PAC, como isso se explica?
Entretanto, é evidente que há uma série de avanços que não podem ser desprezados. A nossa intenção aqui não é jogar por terra os trabalhos desenvolvidos até agora nem tampouco adotar posturas xenófobas contra multinacionais, ao contrário, queremos despertar uma consciência coletiva mais apurada e exigente.
A população não pode e não deve ser conformar com pouco, com migalhas. Especialmente em ano de eleições deve exigir mais, participar e cobrar mais. Apurar e julgar quem trabalhou e quem passeou nas câmaras e nas prefeituras. Talvez assim, possamos atingir números realmente satisfatórios de crescimento econômico e sustentável para que a população possa se beneficiar verdadeiramente.
Data de Publicação: segunda-feira, 19 de maio de 2008
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