Quotas para afro-descendentes
“Quem tem olhos para ver, que veja” e “Homens e Mulheres de boa vontade”. Estas duas simples expressões Bíblicas podem elucidar o porquê das ações afirmativas e ou reparatórias. Mas é preciso ver e enxergar com coragem, e ter a boa vontade dos homens e mulheres de bem, generosos e altruístas.
Se revisitarmos a história da humanidade, veremos que nações sempre subjugaram outras, e que impérios existiram, tiveram seu ciclo de poder, mas foram derrotados. A humanidade nunca se conformou com a dominação e escravidão que são impostos à expressivos contingentes humanos. Esta é uma dolorosa realidade. Mas homens e mulheres de bem continuam lutando contra todo tipo de opressão e pela liberdade em todos os continentes.
O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, e não bastasse esse fato, os libertos eram “soltos” das fazendas, sem nenhum tipo de reparação ou condição de sobrevivência. Coroando esse comportamento ignóbil da sociedade e do Estado Latino Americano, ainda foram criadas as Leis de Vadiagem, tão bem descritos por Eduardo Galeano no livro “As veias abertas da América Latina”, em que se o ex-escravo não comprovasse sua ocupação ou fosse encontrado nas ruas depois das 22 horas, ele era preso e julgado por “Vadiagem”.
Por isso, muitos ex-escravos eram obrigados a trabalhar em troca de comida, não auferindo qualquer tipo de remuneração pelo seu trabalho, e isso determinou a condição sócio-econômica do povo afro descendente, que vive até hoje nos quilombos, favelas e periferias em condições sub-humanas.
Quer enxergar a verdade? Comparem a cor da pele dos alunos das Escolas Privadas, e principalmente das Universidades, com a dos alunos do Ensino Público de qualquer das nossas Cidades. Ainda tem dúvidas? Comparem a cor dos trabalhadores que ocupam os melhores empregos, com aqueles de empregos menos qualificados. Ainda não está convencido?
Olhem a cor dos presidiários, e dos internos da FEBEM, UNIS e casas de passagem. Olhem a cor e a idade das crianças que vendem de tudo nos sinais das nossas Cidades, até mesmo seus frágeis corpos, inclusive para estrangeiros que vêm em vôos fretados exclusivamente para explorar sexualmente nossas crianças. Olhem a cor dos moradores das áreas nobres das nossas cidades, e comparem com a cor dos moradores das áreas “sub normais”, favelas ou morros das nossas Cidades.
Alguma coisa está errada nesse cenário surreal, e com absoluta certeza não é a cor da pele dos deserdados e feridos de injustiças, e sim os modelos de desenvolvimento adotados que se perpetuam até hoje, pela farisaica postura dos que detém os poderes constituídos do Estado, e vociferam uma falsa democracia racial que é facilmente desmontada pela realidade crua e nua.
Ações reparatórias e afirmativas de quotas de 30% para afrodescendentes, como as que estão sendo realizadas nos concursos públicos da Prefeitura de Vitória, são o mínimo que a dignidade nos impele fazer.
Devemos por uma questão de honestidade e honradez tratar os diferentes de maneiras diferentes, soa muito cômodo “Todos são iguais perante a Lei”, pois a verdade é que alguns sempre foram mais iguais do que outros.
Por clemência e por decência, Quotas já.
ELIÉZER TAVARES
VEREADOR LIDER DA BANCADA DO PT
Data de Publicação: segunda-feira, 02 de junho de 2008
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